segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Escrita de 5 Minutos (Camila Gregório)

CENA JULIANA 1ª Versão

Nascemos do cansaço explícito de um ser ofegante.
Em seu olhar vemos o medo e a suposta proteção de um pano branco.
Acolhedor, coletor.
Pano branco que esconde o cansaço, o sofrimento, a escravidão, os abusos e as perseguições.
Tudo por debaixo dos panos.
Pano branco que esconde os olhares, os gestos, o jeito de andar, de agir e de pensar.
Pano branco que esconde as línguas, as maneiras de se comunicar e de lidar com a natureza.
Natureza morta debaixo de um pano branco.
Que esconde
Sapucaia, Nhamã  Nhaxê
Que não esconde nada.
O ser ofegante, de onde nascemos, continua ali, aliviado por um breve momento,
Mas sempre ofegante em sua luta para sobreviver.

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