Michel Foucault
Existem
momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar diferentemente do
que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para
continuar a olhar ou a refletir.
Texto
A
curiosidade.
O estímulo
libertador do livre pensar.
A prática de
questionar o que se faz enquanto indivíduo integrante e com deveres e direitos,
acordados por palavras de uma constituição, que dá voz a toda uma
"tribo", uma sociedade aglomerada de culturas distintas...
O nosso acordo
aqui, neste chão tropical, não passa de uma missa em um idioma desconhecido!
Um ritmo
absurdo de futilidades sedutoras, rasgam qualquer um dos nossos sentidos
físicos,estraçalham qualquer lugar tranquilo do bem ouvir, do bem falar, do bem
pensar, do bem refletir...
A consciência
coletiva não existe, ou parece não existir, quando o assunto é afeto,
identidade, espaço público...e quem dirá direitos e deveres!!!
Como permanecer
dentro de mim mesmo, em estado de paz e sensatez?
Como temperar
os meus atos e anseios diante aos afetos abalados, diante a uma visão e
sensibilidade cada vez mais nítida da sordidez que é comer o pão e gozar a vida? Molhar
a vida com o suor do prazer da arte involuntária, que não pede, se impõe e
força o "peito"...acontece...
Perceber as
movimentações da massa, do povo, perceber a indução ao sedentarismo mental,
físico, de caráter, de índole, de negação a própia e "estúpida missa"
dos direitos humanos que VIVE somente no papel , lindamente, que me parece, tão
somente, uma mera maquiagem a favor dos "controladores do" livre
pensar", da livre escolha"! Como isso pode existir? ou pior, existe!
Perceber que
uma chacota ou um ato de enganação, de tapeação é nomeado aqui em "minha
terra", Um jeitinho brasileiro de ser! É cultivado como um "dom
supremo" do mais sábio e rápido cidadão metropolitano. Me é no mínimo, um
assassinato há qualquer tentativa de convivência coletiva.
A herança está
bem mais enraizada do que minha intuição agora suspeita. Eu quase que me
descubro totalmente neste lodo, todos os dias. Todos os dias, em que me falta,
a força de um pensar forte e optativo, por rever conceitos e anseios
possessivos. Todos os dias, em que me livro dos parâmetros de excelências
comportamentais imposto pelo "nicho"intelectual da moda. Nestes
momentos me balanço como um cão molhado, pulguento! São, exatamente,nestes
dias, que percebo o tamanho do poder que rege todo o complexo que se chama
sociedade contemporânea.
Meu
descobrimento é um choque de identidade. É uma troca de pele tal qual, uma
cobra se colocando ao habitat "natural", constantemente buscando a
própia identidade.
O descobrimento
ou redescobrimento"é" a todo instante,vital, para todo o ser humano
que se permite mudar de uma realidade a outra, pelo simples fato de se dar mais
ouvido ou melhor, atenção. Se pondo assim, enquanto um corpo que constantemente
muda e pede liberdade.
Mas não falo
aqui só do movimento pelo movimento, eu não vejo liberdade de expressão em me
converter ao banal apelo e é assim que vejo, insistente do entretenimento
manoseador paralítico e sedentário. Não vejo se quer uma realidade nisso!
A herança de
uma posição conivente social, de uma situação confortável de realidade
anestesiadora, se colocando como escravo; está no DNA dos colonizados!
Me parece que é
sempre mais fácil ser o escravo. Não há preocupação com nada, com o alimento,
com a administração do próprio trabalho, enfim. A gestão dominante me garante o
mais importante, a segurança! Desgraçadamente!
- " Ficastes a
trabalhar para mim e lhes garanto o mínimo para a sua sobrevivência!"
Terei que lidar
somente com à alta estíma, com a coragem de executar a tarefa pela tarefa. Anos
após anos, este ser nasce e não se descobre em outra realidade a não ser, ter
um comportamento "pseudo-humano"e desejar, sem questionar ou pensar
sobre um Deus qualquer, ao qual da graças por ainda ter um emprego.
É fazer valer a
seguinte frase:
- O trabalho
dignifica o homem!....para o qual você trabalha!
A gestão
seiscentista e a gestão atual, tem, além de inúmeras semelhanças, a cara de pau
de serem sempre a "mesma"minoria dominadora.
Como se já não
bastasse o aldeamento miserável que é o ser humano!
O desconhecimento de
si, e a necessidade de manter ativo um treinamento mental constante, para lidar
com a nossa loucura, com uma permanência pacífica com o corpo, sem esbagaça-lo
de dentro para fora. Ainda temos que lidar com a força contínua de nossos semelhantes...e
falando em semelhantes, somos a imagem e semelhança da curiosidade.