quinta-feira, 11 de julho de 2013

Escrita de si por Camila Gregório

Um corpo jogado sobre um banco. Uma criança rodopiando. Senha. Atendimento. Volta. “Tchau, tchau, Deus lhe pague”, “Viu, eu falei Deus lhe pague mamãe”.
Bombardeio. Parece que o bombardeio do início do filme de Zeitgest está se metamorfoseando, somos bombardeados todos os dias, não somos atingidos por canhões tampouco pelo fogo, mas por pessoas, instituições, governo, jornais etc. Bombardeios que talvez não atinjam o corpo, mas que vão direto a alma. Como se tudo não passasse de um grande terço, com regras, 10 ave maria, 1 pai nosso, 20 ave maria e 2 pai nosso e assim por diante. O bombardeio toma outras formas que aprisionam as pessoas em ideologias falsas que determinam regras e condutas.
Será que isto é o que se passa na minha alma? Talvez sim, talvez algo que gostaria de compartilhar com outros, não sei. Uma dúvida? Acho que as dúvidas sempre são bem vindas, mas vivemos em um mundo que parece querer abolir as dúvidas e os questionamentos, então como ter um cuidado de si sendo que a reflexão não é o hit da moda e sim “ai leque leque leque”. Este é o hit? Então tá, vou colocar no meu celular e quando você me ligar não ouvirá o tumtum... e sim “ai leque leque leque”. Deprimentemente, fomos bombardeados.
Assim também foram com os índios e os jesuítas: choque cultural de ambos os lados. Mas aqui também o bombardeio tomou outras formas, já que os jesuítas não ameaçaram os índios com uma arma de fogo, talvez fossem mais cruéis, pois ao invés de deceparem suas cabeças se apropriaram de suas cabeças, de sua cosmologia, e lhes apresentaram o Deus supremo, aquele que te olha, te vigia e que também tem uma caderneta de anotações para anotar seus pecados. E assim, o todo poderoso deus Tupan foi perdendo os seus poderes e reduzido de escala.
Vejam só:  eu já estou escrevendo o deus dos jesuítas com letra maiúscula e o deus tupan com letra minúscula. Absurdo? Não, acho que o bombardeio também me atingiu,  a ponto de me questionar se é verdade que os deuses que são apresentados em Zeitgest tenham a mesma história, levando em consideração a formação Cristã que tive. Ora pois, Tupan nunca deveria ter perdido seus poderes no imaginário indígena.

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