quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Analogias e Escrita Juliana Seabra

  1º - Entardecer, estranhamento: Aldeamento.
  2º - sensação de violação espacial. Mudança de impossibilidade física e moral. Flagelação da identidade e da cultura. Madrugada da primeira noite do aldeamento.
  3º - Desde que os jesuítas chegaram, houve certa euforia e medo. Trouxeram uma verdade fria e cega. A ditadura da Grande Profecia se dá na perseguição e condição imposta religiosa, acoplada na desgraça amaciada pela ilusão da liberdade no reencontro com a natureza, agora divina. Fazer o quê? Confiar no paraíso ilusório, pós-morte e esperar! O receio maior é saber da espera ilusória do conformismo nos mais velhos...
  4º - Mesmo sendo uma pobre tribo nômade, a última deste povo, pobre de história em fato, esta é e está informada nas regras e normas dos aldeamentos. Sabem sobre o Cristo mascado, digerido, porém indigesto. As criaturas angelicais louras e brancas européias entre 1200 a 1500 e além, agora têm asas de papel, possuem cor de terra e canta em latim com um sotaque linguístico do tronco macro-jê. Essa é a rotina, nos filhos... tornamo-nos por ora curiosamente permissivos.
  5º - Muitas foram às voltas do pensamento cristão, as cartas, os diálogos, até se firmarem num “jeitinho” e força convincente para tornar-nos confusos, passivos e pseudo-salvos. Conseguiram! Neste momento surge um breve pensamento: o que restará?
  6º - Consciência na forma de vida do aldeamento. Aprendemos a falar no Deus deles, quase com apropriação, mas ainda andamos descalços. Usamos as roupas que nos fizeram, ensinaram e forçaram. Caçamos! Apesar das novas ferramentas para aumentar o excesso em rapidez sobre a caça e o fruto... Tornamo-nos escravos! Origem de índio escravo. Uma nova língua, tudo junto misturado. Comunicação em atropelo, semiologia com objetivo claro: dominação cristã.
Se não ativarmos uma consciência intelectual numa luta sábia contra a alienação insana cristã, o que será do mundo após o ano 2000?
A instituição Cocodobelodeusation, reina desde a época em que fomos chamados de gentil, ora... no sentido servil, isso sim!
  7º - Cai a ficha. Depois de sessenta anos de aldeamento, na perda total da identidade Maromomi ou numa liberdade dizimada? Não há mais graça que os cristãos possam fazer agora, as coisas tomaram outra proporção. Não confeccionamos nada alem de mão de obra escrava e geramos algumas breves escritas superficiais... Rastro apenas.

  8º - E eu, até hoje, observo, presencio e vivo na proliferação vermicida cristã - a limitação intelectual.  É política, religião, instituição, potencia, um tal de amor, enfim, a asfixia racional na história mundial entre todos os tempos. Estamos e sempre estivemos a mercê entre o céu e o inferno. No entanto, encontramo-nos no meio, no meio termo. Se não expelirmos minimamente a alienação deusística, permaneceremos sempre imersos nessa lama de lamentação e eu e vocês seremos efetivamente a história Maromomi, na carne viva e sem poesia.

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