1º -
Entardecer, estranhamento: Aldeamento.
2º -
sensação de violação espacial. Mudança de impossibilidade física e moral.
Flagelação da identidade e da cultura. Madrugada da primeira noite do
aldeamento.
3º -
Desde que os jesuítas chegaram, houve certa euforia e medo. Trouxeram uma
verdade fria e cega. A ditadura da Grande Profecia se dá na perseguição e
condição imposta religiosa, acoplada na desgraça amaciada pela ilusão da
liberdade no reencontro com a natureza, agora divina. Fazer o quê? Confiar no
paraíso ilusório, pós-morte e esperar! O receio maior é saber da espera
ilusória do conformismo nos mais velhos...
4º -
Mesmo sendo uma pobre tribo nômade, a última deste povo, pobre de história em
fato, esta é e está informada nas regras e normas dos aldeamentos. Sabem sobre
o Cristo mascado, digerido, porém indigesto. As criaturas angelicais louras e
brancas européias entre 1200 a 1500 e além, agora têm asas de papel, possuem
cor de terra e canta em latim com um sotaque linguístico do tronco macro-jê.
Essa é a rotina, nos filhos... tornamo-nos por ora curiosamente permissivos.
5º -
Muitas foram às voltas do pensamento cristão, as cartas, os diálogos, até se
firmarem num “jeitinho” e força convincente para tornar-nos confusos, passivos
e pseudo-salvos. Conseguiram! Neste momento surge um breve pensamento: o que
restará?
6º -
Consciência na forma de vida do aldeamento. Aprendemos a falar no Deus deles,
quase com apropriação, mas ainda andamos descalços. Usamos as roupas que nos
fizeram, ensinaram e forçaram. Caçamos! Apesar das novas ferramentas para
aumentar o excesso em rapidez sobre a caça e o fruto... Tornamo-nos escravos!
Origem de índio escravo. Uma nova língua, tudo junto misturado. Comunicação em
atropelo, semiologia com objetivo claro: dominação cristã.
Se não ativarmos uma
consciência intelectual numa luta sábia contra a alienação insana cristã, o que
será do mundo após o ano 2000?
A instituição
Cocodobelodeusation, reina desde a época em que fomos chamados de gentil,
ora... no sentido servil, isso sim!
7º -
Cai a ficha. Depois de sessenta anos de aldeamento, na perda total da
identidade Maromomi ou numa liberdade dizimada? Não há mais graça que os
cristãos possam fazer agora, as coisas tomaram outra proporção. Não
confeccionamos nada alem de mão de obra escrava e geramos algumas breves
escritas superficiais... Rastro apenas.
8º -
E eu, até hoje, observo, presencio e vivo na proliferação vermicida cristã - a
limitação intelectual. É política,
religião, instituição, potencia, um tal de amor, enfim, a asfixia racional na
história mundial entre todos os tempos. Estamos e sempre estivemos a mercê
entre o céu e o inferno. No entanto, encontramo-nos no meio, no meio termo. Se
não expelirmos minimamente a alienação deusística, permaneceremos sempre
imersos nessa lama de lamentação e eu e vocês seremos efetivamente a história
Maromomi, na carne viva e sem poesia.
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