quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

As noites são belas + Escrita de si - Camila

Olhar cristalizado para o alto. Aponta. Baila os dedos a alcançar aquilo. Anda. Estica mais e mais, nas pontas dos pés. Respiração quase forçada a pulsar nas pontas dos dedos. Estica mais. Arrebenta e cai.
            Espatifa-se desajeitada de cara na corda. Respira agonia. Empunhá-la e pula. Com passos cansados, foge e pula. Olhar esbugalhado a desesperar meu Eu. Foge sem sair do lugar. Ensimesma-se em mim e sem bailar, continua, ofegante, desesperada na busca. Joga!
            E arrasta a corda em cobra. Roda, levando tudo o que estiver no caminho. Pele vermelha de sangue quente. Minha pele. E desiste. Maldita corda no rosto, esfrega em laços desordenados no cansaço da face. Sinto o roçar áspero no desespero. E fala. Vomita inquirições cotidianas. A corda em que pulava e atacava o ar a ferir os pés, a mesma que em cobra dançava entre o chão e o vento, agora é terço.
            E, alonga o terço e conta as contas numa Ave Maria sufocante. A tragédia está posta. O corpo orgânico agora fincara-se na palavra e gorfa a vida dada. Fere. Corre e como corre.
            Mastigo aquele corpo e aquelas agudas palavras, que são minhas também, em outra forma na mesma fôrma. Abandona o teço cobra-corda. Objeto a objetivar-se ofegante na busca por uma direção.
            Estamos todos na mesma piroga. Mas me parece que, ainda faltam remos, mas nesta, usamos o que temos, os braços e as pernas, com os olhos sempre voltados.

............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário