Minha
presença física é culpa de algum alguém no qual tenho consciência a partir de
minha bisavó. E só. Antes dela, só com ela e embaixo da terra, ou à essa
altura, dentro de gavetas.
A história que me ensinaram na
escola, desconheço, na verdade, mal me lembro. À parte de mim. Não me
reconheço. Não vivi.
Do presente que acho que sei, é pelo
que sinto, ouço, vejo e vivo.
Saber que vivo num país que foi se
enrolando em desenvoltura, e que sou fruto desse rolamento... sobre essa
reflexão, é tentar se encontrar num montante de desaforos históricos, no qual
sou apenas uma das fezes humanas, que de tanto cheirar, foi-se o cheiro. E a
cada santo dia que me evacuo para tentar sobreviver aqui, tem uma série de
desgraçados a tentar me moldar. No entanto, me camuflo na minha forma para não
caber nas fôrmas.
Falar de história, ciências,
tecnologia, política, sociedade, é superficial para essa questão. Já existem
enciclopédias o suficiente abordando claramente esses temas.
Meu presente não tem laço vermelho,
nem caixa, nem papel colorido.
Meu passado não passa nada, nem à
mão, nem com ferro quente. Não passou! É presente o tempo todo, mas volto a
afirmar... Sem laço!
Mas, nesse meio termo, me deparo com
a nostalgia, e nesse canto, confesso pisar.
Saudade do que não vivi, falta do
que não tive, e, no entanto, aqui estou.
Nada justifica nada, apenas
desencadeia. Conseqüência.
Faço parte de hoje, e daí?
Se tiver sorte, quem sabe um dia,
talvez se, se prestarem a escrever algo biográfico sobre meus pobres feitos,
daí terão uma vaga e superficial ideia do que gerou eu.
Agora, confesso... Não sei. É muita
coisa ao mesmo tempo. Muita informação latente à gerar conhecimento. E eu? Não
sei...
Um “Jardim das delícias”? Talvez...
Ou, um “Almoço na relva”?
Oh... Que ironia européia.
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